quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Jornal Tribuna do Pampa (Candiota) - 12 e 13 de novembro de 2015



LEIA A NOTÍCIA
MST faz ações de ocupação em áreas rurais de Candiota e Hulha Negra

A questão agrária voltou a ser notícia na região esta semana. Duas ações articuladas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta segunda e terça-feira, 9 e 10, resultaram em ocupação de propriedades rurais, que, conforme o Movimento estão em processo de aquisição pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). CANDIOTA - Cerca de 20 famílias ocuparam por volta das 10h a Fazenda Aroeira, distante cerca de 45km da sede de Candiota. O imóvel possui 352 hectares e, de acordo com os sem terra, o proprietário já tinha demonstrado interesse em vendê-la ao Incra. "As famílias ocupam a fazenda para que o Incra agilize o processo de aquisição e destine a área para fins de reforma agrária", explica Eurico dos Santos, da coordenação estadual do MST. Os sem terra que ocupam a fazenda tem origem na região e fazem parte do grupo de ocupou em 2014 uma área pertencente a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), nos fundos da Vila Operária, também em Candiota. Aliás, esta área está em discussão para ser adquirida pelo Incra para fins de reforma agrária. Segundo a assessoria de imprensa do Incra, o órgão até o momento ainda não recebeu por parte do proprietário da Fazenda Aroeira nenhuma proposta de venda, conforme anunciado pelo MST. A Fazenda Aroeira já fez parte no passado do grande complexo agropecuário Ana Paula (alvo de outras ações do MST no passado), que acabou sendo vendido para Votorantim Celulose e Papel (VPC), depois Fibria, e agora mais recentemente desmembrado em diversas áreas menores e proprietários pulverizados. A área está no meio de diversas comunidades que tem origem em assentamentos da reforma agrária. As famílias, segundo informou a coordenação estadual do MST, até esta quarta-feira, 11, permaneciam no local acampadas e sem previsão de saírem. Não há notícia de que o proprietário tenha pedido reintegração de posse ainda. HULHA NEGRA - Já em Hulha Negra o caso foi bem mais complicado e por pouco não acaba em confronto. Um grupo de 15 famílias ocupou a fazenda Nossa Senhora Aparecida, que fica há cerca de cinco quilômetros do trevo de Hulha Negra em direção a Candiota, próxima a BR-293. A ação aconteceu por volta das 16h desta terça-feira, 10. Em nota, o MST afirma que as famílias foram ameaçadas por ruralistas. "Aproximadamente 100 ruralistas chegaram armados na fazenda, onde fizeram ameaças de morte caso os sem terra não se retirassem do local. A Brigada Militar esteve na área, mas logo se retirou deixando os ruralistas agirem por conta própria, ameaçando, inclusive, mulheres e crianças", disse o dirigente do MST, Paulo Machado. Segundo o jornal Folha do Sul, de Bagé, alguns ruralistas presentes na ação e que não quiseram se identificar, disseram que tudo aconteceu sem nenhuma violência, apenas no intuito de proteger a propriedade. Por volta da 1h já da madrugada de quarta-feira, 11, as famílias sem terra resolveram sair da área. Os ruralistas mantiveram vigília. O sargento da Brigada Militar e comandante do 4º Grupamento de Polícia Montada (GPM) de Hulha Negra, Claudinei da Silva Mesquita, confirmou ao TP que uma guarnição esteve na área e conversou com as partes, objetivando a segurança de todos. Contudo a guarnição teve que se retirar para atender um homicídio no município e por isso da não presença da BM no momento da desocupação. "Temos um efetivo reduzido. Mas felizmente não houve maiores consequências", disse. TERRAS DA UNIÃO - A Fazenda Nossa Senhora Aparecida já havia sido alvo do MST em 2008. Na época, a então proprietária dos 443 hectares, Rosa Alice Sales, conseguiu uma reintegração de posse. Entretanto, segundo a assessoria de imprensa da Superintendência do Incra no RS, as terras agora pertencem a União, pois foram perdidas na Justiça. Ainda, conforme o Incra, a ex-proprietária até tentou recuperar 150 hectares judicialmente, porém também não obteve êxito. Neste momento, a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) já está providenciando a transferência da área para o Incra realizar o assentamento de famílias sem terra no local, faltando apenas a publicação do ato no Diário Oficial da União (DOU). Acredita-se que até março de 2016 o processo tenha início