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MST faz ações de ocupação em áreas rurais de Candiota e Hulha Negra
A questão agrária voltou
a ser notícia na região esta
semana. Duas ações articuladas
do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra
(MST) nesta segunda e terça-feira, 9 e 10, resultaram em
ocupação de propriedades
rurais, que, conforme o Movimento
estão em processo
de aquisição pelo Instituto
Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra).
CANDIOTA - Cerca de 20 famílias
ocuparam por volta das
10h a Fazenda Aroeira, distante
cerca de 45km da sede de
Candiota. O imóvel possui 352
hectares e, de acordo com os
sem terra, o proprietário já tinha
demonstrado interesse em
vendê-la ao Incra. "As famílias
ocupam a fazenda para que o
Incra agilize o processo de aquisição
e destine a área para fins
de reforma agrária", explica Eurico
dos Santos, da coordenação estadual do MST.
Os sem terra que ocupam
a fazenda tem origem na
região e fazem parte do grupo
de ocupou em 2014 uma
área pertencente a Companhia
Estadual de Energia Elétrica (CEEE), nos fundos da
Vila Operária, também em
Candiota. Aliás, esta área
está em discussão para ser
adquirida pelo Incra para fins
de reforma agrária.
Segundo a assessoria
de imprensa do Incra, o
órgão até o momento ainda
não recebeu por parte do
proprietário da Fazenda Aroeira
nenhuma proposta de
venda, conforme anunciado
pelo MST. A Fazenda Aroeira
já fez parte no passado do
grande complexo agropecuário Ana Paula (alvo de outras
ações do MST no passado),
que acabou sendo
vendido para Votorantim Celulose
e Papel (VPC), depois
Fibria, e agora mais recentemente
desmembrado em diversas
áreas menores e proprietários
pulverizados. A
área está no meio de diversas
comunidades que tem
origem em assentamentos da
reforma agrária.
As famílias, segundo
informou a coordenação estadual
do MST, até esta quarta-feira,
11, permaneciam no
local acampadas e sem previsão
de saírem. Não há notícia
de que o proprietário tenha
pedido reintegração de
posse ainda.
HULHA NEGRA - Já em Hulha
Negra o caso foi bem
mais complicado e por pouco
não acaba em confronto.
Um grupo de 15 famílias ocupou
a fazenda Nossa Senhora
Aparecida, que fica há cerca
de cinco quilômetros do
trevo de Hulha Negra em direção
a Candiota, próxima a
BR-293. A ação aconteceu
por volta das 16h desta terça-feira, 10.
Em nota, o MST afirma
que as famílias foram ameaçadas
por ruralistas. "Aproximadamente
100 ruralistas
chegaram armados na fazenda,
onde fizeram ameaças de
morte caso os sem terra não
se retirassem do local. A Brigada
Militar esteve na área,
mas logo se retirou deixando
os ruralistas agirem por conta
própria, ameaçando, inclusive,
mulheres e crianças",
disse o dirigente do MST,
Paulo Machado.
Segundo o jornal Folha
do Sul, de Bagé, alguns
ruralistas presentes na ação
e que não quiseram se identificar,
disseram que tudo
aconteceu sem nenhuma violência,
apenas no intuito de
proteger a propriedade. Por
volta da 1h já da madrugada
de quarta-feira, 11, as famílias
sem terra resolveram sair
da área. Os ruralistas mantiveram vigília.
O sargento da Brigada
Militar e comandante do
4º Grupamento de Polícia
Montada (GPM) de Hulha
Negra, Claudinei da Silva
Mesquita, confirmou ao TP
que uma guarnição esteve na
área e conversou com as partes,
objetivando a segurança de todos. Contudo a guarnição
teve que se retirar para
atender um homicídio no município
e por isso da não presença
da BM no momento
da desocupação. "Temos
um efetivo reduzido. Mas felizmente
não houve maiores
consequências", disse.
TERRAS DA UNIÃO - A Fazenda
Nossa Senhora Aparecida
já havia sido alvo do
MST em 2008. Na época, a
então proprietária dos 443
hectares, Rosa Alice Sales,
conseguiu uma reintegração
de posse. Entretanto, segundo
a assessoria de imprensa
da Superintendência do Incra
no RS, as terras agora
pertencem a União, pois foram perdidas na Justiça.
Ainda, conforme o Incra,
a ex-proprietária até tentou
recuperar 150 hectares judicialmente,
porém também
não obteve êxito. Neste momento,
a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) já está providenciando
a transferência da
área para o Incra realizar o assentamento
de famílias sem
terra no local, faltando apenas
a publicação do ato no Diário
Oficial da União (DOU). Acredita-se
que até março de 2016
o processo tenha início