quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Jornal Tribuna do Pampa (Candiota) - 28 e 29 de janeiro de 2016





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UTE Ouro Negro: Pedras Altas e Candiota dizem sim a nova usina
Empreendimento corre para poder participar de leilão de energia no final de março. Para isso precisa obter do Ibama a licença ambiental prévia (LP)

A Ouro Negro Energia (ONE), da qual a Usina Termelétrica (UTE) de mesmo nome é subsidiária, está cumprindo esta semana a última etapa que compete ao empreendimento antes da obtenção da licença prévia ambiental (LP). Assim, está realizando, em conjunto com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renová- veis (Ibama), as audiências públicas para a apresentação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA) às comunidades de Pedras Altas (onde será construída a usina), Candiota e Bagé. O empreendimento corre contra o tempo para a obtenção da LP, a qual é também o último documento que falta para que participe do leilão A-5 de energia, marcado para o próximo dia 31 de março, na Câmara de Comércio de Energia (CCE), em São Paulo. Pedras Altas e Candiota disseram sim à nova usina durante as audiências realizadas na terça-feira, 26, e nesta quarta-feira, 27, respectivamente. 

 PEDRAS ALTAS - A comunidade de Pedras Altas, que é, em tese, a maior interessada no projeto, provou isso na prática, lotando as dependências do ginásio municipal da cidade, quando, segundo o Ibama, 295 pessoas assinaram a lista de presenças da audiência. 
Na oportunidade, o encontro, assim como em Candiota e também será em Bagé, foi conduzido pelo superintendente do Ibama no RS, Airton Manica. Também fizeram parte da mesa de abertura dos trabalhos, o coordenador do Ibama de Energia Elétrica, Nuclear e Dutos, Hugo Loss; o diretor presidente da Ouro Negro e ex-prefeito de Pedras Altas, Sílvio Marques Dias Neto; o diretor da Polar Inteligência em Meio Ambiente, Diego Silva (empresa responsável pela elaboração do EIA-RIMA); o diretor Técnico da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), Caio Flávio dos Santos; o prefeito de Pedras Altas, Fábio Tunes e o presidente da câmara da cidade, Mário Teixeira de Melo. Após desfeita a mesa, foi realizada pelo Ibama a apresentação e os objetivos da audiência, assim como o diretor de Operações da Ouro Negro, engenheiro Antônio Linhares apresentou o projeto da nova usina e o diretor da Polar realizou a exposição do EIA-RIMA. 
Para o proprietário do único posto de gasolina da cidade e também empresário do ramo de transporte, Flávio Darci Veleda da Rosa, 52 anos, a instalação do empreendimento é muito positivo não só para Pedras Altas, mas para toda a região. O comerciante também pontua que além dos reflexos econômicos regionais, também o Estado terá uma energia que não depende do clima para ser gerada. “Isso é algo não só para a minha geração, mas para meus filhos e netos”, comemora. 
O prefeito Fábio Tunes avaliou o dia como um dos mais importantes da história de Pedras Altas. Ele destacou que o município possui outros potenciais, como o turístico, entretanto com a nova usina tudo irá melhorar. O prefeito também aproveitou para cobrar do governo do Estado o término da ERS 608, estrada que liga Pedras Altas a BR 293, em Pinheiro Machado. “Este é um apelo que faço”, disse. O presidente do Legislativo local, Mário Teixeira de Mello, da mesma forma classificou o dia como muito importante. Lembrando que fez parte da instalação do município, o vereador disse que se sentia muito confortável em apoiar e aprovar a instalação da UTE Ouro Negro. “Esta é a galinha dos ovos de ouro para Pedras Altas e região”, declarou. 
Já o diretor presidente da Ouro Negro, Sílvio Marques - muito aplaudido pela comunidade, pois além do mais foi quem governou o município pela primeira vez e durante oito anos seguidos, destacou que o empreendimento significa um divisor de águas na vida de Pedras Altas e região. Se apoiando em dados dos estudos realizados, Sílvio asseverou novamente que o êxodo, principalmente da juventude regional é altíssimo, quando os jovens saem da região em busca de oportunidades. “A UTE Ouro Negro é a chance de mantermos as famílias unidas. Temos severas preocupações ambientais, tanto que basta ver nosso projeto, mas também temos preocupações com a nossa gente que precisa de oportunidades”, ponderou. 
O prefeito de Candiota e presidente da Famurs, Luiz Carlos Folador, que prestigiou a audiência pedras-altense, fez questão de fazer seu manifesto público em favor da instalação da nova usina. “Além do impacto local, ela vai gerar energia firme para o nosso Estado, que tanto precisa avançar e sem energia não há desenvolvimento como todos sabemos”, pontuou.

Candiota e Bagé 
A audiência realizada em Candiota na noite desta quarta-feira, 27, também levou um bom público para o ginásio municipal. Até o fechamento da edição ainda não havia sido divulgado o público total participante pelo Ibama. 
Nesta quinta-feira, 28, fechando o ciclo de audiências, acontece o evento em Bagé, a partir das 19h, no Salão de Atos do Museu Dom Diogo de Souza. 

Tecnologia 
A nova termelétrica a carvão mineral contará com dois geradores de 300 megawatts cada. Segundo o diretor de Operações da Ouro Negro Energia, engenheiro Antônio Linhares, o empreendimento terá um diferencial em relação aos demais projetos e também das usinas já existentes hoje no Brasil. Conforme ele, a UTE Ouro Negro, além da queima do carvão em leito fluidizado com uso de cal e calcário, também terá uma estação de beneficiamento a seco do carvão com capacidade de 5 milhões de toneladas de carvão por ano (5Mtpa). “Com isso, vamos retirar 10% de cinza e também abatermos, já antes da queima, 50% do enxofre. Será a primeira planta do Brasil com este diferencial ambiental”, reforça. 

Investimento bilionário 
O empreendimento está estimado em mais de R$ 4 bilhões e deverá ser erguido em Pedras Altas na divisa com Candiota, numa área de terras próxima ao Arroio Candiota e da mina de carvão (matéria- -prima que será utilizada na usina) da Companhia Riograndense de Mineração (CRM). O projeto é fruto de uma parceria entre a Ouro Negro Energia S/A e a empresa chinesa Sepco 1, do grupo Power China, e sua subcontratada para a elaboração do projeto, a Nwepdi (Northwest Eletric Power Designe Institute). A previsão é que cerca de 80% do empreendimento seja financiado pelo Banco de Desenvolvimento da China. Já a expectativa é que sejam criados cerca de 4 mil empregos diretos durante a fase de implantação do empreendimento e 500 quando a usina estiver em operação. 

Termos de compromisso 
A Ouro Negro Energia S/A já assinou dois termos de compromisso para o fornecimento de carvão mineral, firmado com a CRM, e de calcário e cal, com a Companhia Brasileira do Cobre (CBC). Em setembro do ano passado foi assinado um protocolo de intenções com o governo do Estado.