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Candiota: "Não vim para fechar a CGTEE, vim para expandi-la", afirma Francisco Romário
Presidente anunciou as metas da nova diretoria, que inclui a readequação de contrato com a CRM e a participação
no leilão de energia para tentar viabilizar a Fase D para a Usina de Candiota
Cumprindo agenda em
Candiota nesta semana,
o presidente da Companhia
de Geração Térmica de
Energia Elétrica (Eletrobras
CGTEE), Francisco Romário
Wojcicki, explanou sobre
a atual situação econômica
da empresa na noite de
quarta-feira, 16, na Câmara
de Vereadores. No cargo
desde novembro de 2015, o
executivo, que é engenheiro
eletricista e professor universitário,
disse que assumiu a
companhia com o desafio de
tentar resolver o desequilíbrio
financeiro que a mesma vem
enfrentando há algum tempo.
Segundo ele, a Eletrobras
CGTEE tem R$ 532 milhões
de despesas. Os contratos de
carvão, cal e pessoal somam
R$ 250 milhões.
Apesar disso, Francisco
Romário destacou que,
para a Eletrobras, a CGTEE
tem viabilidade, mas desde que esteja adequada ao PMSO
(pessoal, material, serviços
e outros). “É uma empresa
robusta, com quadro (de colaboradores)
altamente qualificado.
Precisava de uma forma
diferente de gestão, com
metas e projetos”, afirmou,
mencionando que a intenção
da nova diretoria é fortalecer
a companhia. “Queremos
fazer uma empresa cada vez
mais forte não só para nós,
mas para a comunidade, para
a região”, acrescentou. E
completou dizendo que o
consumo de energia tende a
aumentar nos próximos anos
e o carvão mineral é uma das
principais alternativas para
gerar energia a curto prazo.
“Todo mundo gosta de ar
condicionado, de tudo que é
ligado na eletricidade e tudo
isso tem preço”, lembrou.
De acordo com o presidente,
a nova diretoria buscará
sócios com o propósito de fortalecer a companhia.
“Não vim para fechar a CGTEE,
no meu currículo não
existe isto. Não vim para
fechar a CGTEE, vim para
expandi-la”, declarou Francisco
Romário, engenheiro
há 33 anos da Eletrosul, tendo
na última década atuado como
secretário executivo adjunto
do Ministério de Minas e
Energia (MME).
O executivo veio a
Candiota, principalmente,
para conversar com o corpo
funcional e gerencial do
Complexo Termelétrico de
Candiota – Usina Presidente
Médici, que pertence à Eletrobras
CGTEE, e com a direção
da Companhia Riograndense
de Mineração (CRM). Ele
aproveitou a visita ao município para se reunir com investidores
que estão interessados
em comprar cinzas leves e
pesadas, resíduos provenientes
da queima do carvão.
METAS DA NOVA DIRETORIA: Francisco Romário
informou que neste ano a diretoria
da Eletrobras CGTEE
irá se dedicar para solucionar
os problemas das Fases A
e B da Usina de Candiota,
cujas instalações são antigas
e demandam investimentos
elevados para a adequação
ambiental, e da Fase C, que
entrou em operação em 2011.
Entretanto, segundo uma
pesquisadora de metais, a
caldeira da unidade envelheceu
seis anos a mais do
que deveria. Devido a isso,
o presidente disse que a
CGTEE está cobrando uma
posição da Citic International Contracting, empresa chinesa
que projetou o equipamento.
Conforme análises, os problemas
surgiram por causa
da excessiva abrasividade da
cinza resultante da queima de
carvão brasileiro usado como
combustível e a Citic não teria
considerado devidamente
essa característica específica
do mineral nacional ao conceber
o projeto.
O executivo também
destacou que a Fase C é
viável, tendo condições de
operar por 25 anos, mas desde
que seja feita uma parada
para manutenção. Para o ano
que vem estão previstas três
paradas na unidade. Ao todo,
serão oito meses de manutenção. E no próximo ano a empresa
quer disputar o leilão de
energia A-5, com o objetivo
de conseguir construir a Fase
D no complexo. Conforme o
presidente, é possível também
que, num curto prazo de
10 anos, a companhia realize
concurso público para preencher
as vagas de emprego que
certamente deverão ser abertas,
já que está nos planos da
nova diretoria o crescimento
da empresa. Atualmente, a
CGTEE conta com 604 colaboradores
do quadro próprio
e 822 do quadro terceirizado.
CONTRATO COM A CRM: Além de buscar soluções
para as unidades do
complexo, a nova diretoria
da CGTEE está dialogando
com a direção da Companhia
Riograndense de Minera-
ção (CRM). Na pauta está
a readequação de contrato
entre ambas as empresas.
Atualmente, a Eletrobras
CGTEE possui dois contratos
com a CRM. Um deles é para
aquisição de 1,7 milhão de
toneladas de carvão/ano para
abastecer a Fase C da usina.
A unidade tem potência instalada
de 350 megawatts e a
geração média está entre 210
a 240 MW.
Já no outro acordo
firmado, a CRM fornece
1,6 milhão toneladas/ano de
carvão para ser utilizada nas
Fases A e B do complexo,
que juntas geram 120 MW.
No entanto, segundo Francisco
Romário, apenas metade
do mineral adquirido é utilizado
na geração de energia.
Como o contrato (referente
à compra de carvão para as
unidades A e B) venceu em
julho de 2015 e a concessão
termina no final deste ano, os
novos dirigentes da CGTEE
pretendem, ainda neste ano,
adequar essa questão à atual
fase da companhia. O presidente
disse que a empresa
tem interesse em obter 400
mil toneladas/ano de carvão,
sendo que metade será paga
pela CGTEE e a outra parte
pela CRM em forma de passivo,
em razão de a companhia
ter armazenado o mineral
embaixo da terra. “Temos seis
milhões de toneladas pagas e
não mineradas. A sociedade
pagou e nós compramos”,
lembrou Francisco Romário.
“Eu sou um sonhador. Eu sonho,
gosto de sonhar e quero
ver essa empresa forte, mas
para isso temos que sentar à
mesa e discutir muitas questões”,
concluiu o executivo.
AUTORIDADES LOCAIS PRESTIGIAM AUDIÊNCIA: Os novos diretores
da Eletrobras CGTEE, Celso
Sant Anna (financeiro),
Ricardo Licks (técnico de
Meio Ambiente) e José
Parizotto (administrativo),
acompanharam a visita
de Francisco Romário ao
Legislativo candiotense.
Também estavam presentes
no plenário Gregório Ferreira o diretor de
Operação da CGTEE, Rubem
Abrahão, o prefeito
de Candiota, Luiz Carlos Folador (PT), secretários
municipais, vereadores,
bem como funcionários da
empresa e de terceirizadas,
e representantes da CRM e
do Sindicato dos Mineiros
de Candiota.
Folador ressaltou
que a CGTEE é o coração
do município. “Temos muito
carinho, muito respeito
por essa grande empresa”,
disse. Ao lembrar as várias
manifestações que participou
em defesa da utilização
do carvão, como na ponte
do Guaíba, em Brasília e no
Rio de Janeiro, o prefeito
destacou que o mineral é
sim uma matriz energética
estratégica para o país.
O vereador e superintendente
administrativo
da Mina de Candiota
da CRM, Gildo Feijó
(PMDB), mencionou que a
companhia abriu concurso
público, visando crescimento
futuro, e agora se
depara com uma pendência
contratual com a CGTEE.
Ele disse temer demissões
na empresa enquanto as
metas projetadas para desenvolver
a CGTEE não
forem colocadas em prática.
“Até a ampliação vamos
ter um vácuo”, avaliou,
ao mesmo tempo em que
parabenizou os novos dirigentes
pelas medidas que
estão adotando para tirar a
empresa da crise.
Já o presidente do
Sindicato dos Mineiros de
Candiota, Wagner Lopes
Pinto, espera que a CRM se
espelhe na CGTEE e tome
providências para resolver
a questão sobre a readequação de contrato entre ambas
as companhias. “Se a CRM
não tomar atitudes, tentar
diminuir custos, isso será o
fim da empresa”, ressaltou
o líder sindical.
Para o presidente
da Câmara de Vereadores
e proponente do encontro,
Valmir Cougo (PT), a
audiência foi “altamente
positiva, esclarecedora e
alentadora”. “Percebemos
que a empresa está em boas
mãos, com uma diretoria
muito competitiva que tem
como objetivo sanar os problemas
e tornar a CGTEE
forte e competitiva”, analisou.
Conforme o parlamentar,
o papel dos vereadores
é fazer do Legislativo a
casa dos grandes debates,
colocando frente a frente
gestores e comunidade.