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Economia: UTE Ouro Negro poderá ficar fora do leilão A-5
Preço de referência para o certame poderá inviabilizar o empreendimento, segundo o presidente da ONE S/A
A Ouro Negro Energia
S/A (ONE S/A)
iniciará na segunda-
-feira, 4, uma série de simula-
ções econômico-financeiras
para definir se o projeto da
Usina Termelétrica Ouro
Negro poderá ser viabilizado
e participar do leilão de
energia A-5, programado
para 29 de abril. A empresa
fará isso tendo em vista que o
governo federal estabeleceu
preço de referência para o
certame, sendo que o valor
inicial varia de R$ 251 o
megawatt-hora para projetos
a biomassa e a carvão (como
é o caso da UTE Ouro Negro)
a R$ 290 para gás natural.
O preço, segundo o
presidente da ONE S/A Silvio Marques Dias Neto,
poderá inviabilizar o empreendimento,
de 600 MW, projetado
para ser construído em
Pedras Altas. “É uma completa
falta de planejamento
e bom senso do governo.
No leilão de abril de 2015, o
preço teto foi de R$ 281. Eu
acredito que nesse leilão de
29 de abril, com o preço teto
em R$ 251, nenhuma térmica
a carvão venderá energia”,
lamenta o empresário. Contudo,
ele ressalta que se a
empresa desistir de participar
do certame devido ao preço
de referência, estará pronta
para disputar outro leilão que
poderá ocorrer entre julho e
outubro deste ano.
Na avaliação de Silvio,
se o governo entender
que para garantir o fornecimento
de energia, visando o
desenvolvimento econômico
do país, precisará de energia
de base (energia firme: carvão,
gás e nuclear), terá que
definir um preço que viabilize
os empreendimentos.
A Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel)
aprovou no dia 29 de março
o edital com as condições
do certame, previsto para o
final deste mês. O leilão A-5
comprará energia elétrica
proveniente de novos empreendimentos
de geração.
Poderão participar os projetos
de geração que tenham obtido
outorga de concessão ou de
autorização, como a hidrelétrica
de Belo Monte, desde
que não tenham entrado em
operação comercial até a data
do certame. Para a energia
de usinas que já têm outorga
e contrato, o governo estabeleceu
preço de referência
entre R$ 115,57 e R$ 203,25
o megawatt-hora.
O A-5 é destinado à
contratação de energia elétrica
de projetos hidrelétricos,
eólicos e termelétricos a
carvão, a gás natural em ciclo
combinado e à biomassa,
com início de suprimento em
1º de janeiro de 2021. Estão
cadastrados na Empresa de
Pesquisa Energética (EPE)
1.055 empreendimentos com
potência instalada total de
47.617 MW. Compõem a
lista seis hidrelétricas, 78 pequenas
centrais hidrelétricas,
864 eólicas e 107 térmicas,
das quais 63 a biomassa, 36
a gás, sete a carvão e uma a
biogás.
ESTUDOS AMBIENTAIS
COMPLEMENTARES –
Recentemente, a ONE S/A
enviou os estudos ambientais
complementares ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama). Silvio
diz que esse era o documento
que faltava encaminhar
ao órgão, para que o mesmo
possa emitir a Licença
Prévia (LP) da UTE Ouro
Negro. A expectativa da
empresa é que isso ocorra nos
próximos dias. Tendo a LP, o
projeto estará apto a participar
de leilões.
A ONE S/A e as empresas
chinesas (SEPCO1 e
Power China) estão concluindo
a estruturação do capital
social. A SEPCO1 será sócia
e EPCista (empresa responsável
pela obra) da UTE Ouro
Negro. Orçado em mais de
R$ 4 bilhões, o projeto será
financiado 80% com recursos
das instituições financeiras da
China. O restante do valor será
pago com capital próprio das
empresas sócias (ONE S/A,
SEPCO1 e Power China).
A UTE Ouro Negro
está projetada para ser construída em Pedras Altas, na divisa
com Candiota, numa área de
terras próxima ao arroio Candiota
e da mina de carvão da
Companhia Riograndense de
Mineração (CRM). A nova
usina a carvão mineral contará
com dois geradores de 300
megawatts cada. Em torno de
quatro mil empregos diretos
deverão ser criados durante a
construção da termelétrica e
500 quando a mesma estiver
em operação.