sábado, 2 de abril de 2016

Jornal Tribuna do Pampa (Candiota) - 02 a 04 de abril de 2016



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Economia: UTE Ouro Negro poderá ficar fora do leilão A-5
Preço de referência para o certame poderá inviabilizar o empreendimento, segundo o presidente da ONE S/A

A Ouro Negro Energia S/A (ONE S/A) iniciará na segunda- -feira, 4, uma série de simula- ções econômico-financeiras para definir se o projeto da Usina Termelétrica Ouro Negro poderá ser viabilizado e participar do leilão de energia A-5, programado para 29 de abril. A empresa fará isso tendo em vista que o governo federal estabeleceu preço de referência para o certame, sendo que o valor inicial varia de R$ 251 o megawatt-hora para projetos a biomassa e a carvão (como é o caso da UTE Ouro Negro) a R$ 290 para gás natural. 
O preço, segundo o presidente da ONE S/A Silvio Marques Dias Neto, poderá inviabilizar o empreendimento, de 600 MW, projetado para ser construído em Pedras Altas. “É uma completa falta de planejamento e bom senso do governo. No leilão de abril de 2015, o preço teto foi de R$ 281. Eu acredito que nesse leilão de 29 de abril, com o preço teto em R$ 251, nenhuma térmica a carvão venderá energia”, lamenta o empresário. Contudo, ele ressalta que se a empresa desistir de participar do certame devido ao preço de referência, estará pronta para disputar outro leilão que poderá ocorrer entre julho e outubro deste ano. 
Na avaliação de Silvio, se o governo entender que para garantir o fornecimento de energia, visando o desenvolvimento econômico do país, precisará de energia de base (energia firme: carvão, gás e nuclear), terá que definir um preço que viabilize os empreendimentos. 
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou no dia 29 de março o edital com as condições do certame, previsto para o final deste mês. O leilão A-5 comprará energia elétrica proveniente de novos empreendimentos de geração. Poderão participar os projetos de geração que tenham obtido outorga de concessão ou de autorização, como a hidrelétrica de Belo Monte, desde que não tenham entrado em operação comercial até a data do certame. Para a energia de usinas que já têm outorga e contrato, o governo estabeleceu preço de referência entre R$ 115,57 e R$ 203,25 o megawatt-hora. 
O A-5 é destinado à contratação de energia elétrica de projetos hidrelétricos, eólicos e termelétricos a carvão, a gás natural em ciclo combinado e à biomassa, com início de suprimento em 1º de janeiro de 2021. Estão cadastrados na Empresa de Pesquisa Energética (EPE) 1.055 empreendimentos com potência instalada total de 47.617 MW. Compõem a lista seis hidrelétricas, 78 pequenas centrais hidrelétricas, 864 eólicas e 107 térmicas, das quais 63 a biomassa, 36 a gás, sete a carvão e uma a biogás.

ESTUDOS AMBIENTAIS COMPLEMENTARES – Recentemente, a ONE S/A enviou os estudos ambientais complementares ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Silvio diz que esse era o documento que faltava encaminhar ao órgão, para que o mesmo possa emitir a Licença Prévia (LP) da UTE Ouro Negro. A expectativa da empresa é que isso ocorra nos próximos dias. Tendo a LP, o projeto estará apto a participar de leilões. A ONE S/A e as empresas chinesas (SEPCO1 e Power China) estão concluindo a estruturação do capital social. A SEPCO1 será sócia e EPCista (empresa responsável pela obra) da UTE Ouro Negro. Orçado em mais de R$ 4 bilhões, o projeto será financiado 80% com recursos das instituições financeiras da China. O restante do valor será pago com capital próprio das empresas sócias (ONE S/A, SEPCO1 e Power China). 
A UTE Ouro Negro está projetada para ser construída em Pedras Altas, na divisa com Candiota, numa área de terras próxima ao arroio Candiota e da mina de carvão da Companhia Riograndense de Mineração (CRM). A nova usina a carvão mineral contará com dois geradores de 300 megawatts cada. Em torno de quatro mil empregos diretos deverão ser criados durante a construção da termelétrica e 500 quando a mesma estiver em operação.