quinta-feira, 21 de abril de 2016

Jornal Tribuna do Pampa (Candiota) - 21 a 25 de abril de 2016


LEIA A NOTÍCIA:

Contra os cortes: CRM discute reivindicações de mineiros
Trabalhadores decidiram manter o estado de greve, visto que diretor-presidente não apontou soluções para o fim da terceirização

Os trabalhadores da Companhia Riograndense de Mineração (CRM/Mina de Candiota) decidiram na manhã de quarta-feira, 20, permanecer em estado de greve, após dialogar com o diretor-presidente da empresa, Edivilson Meurer Brum na unidade local. A mobilização já completa 12 dias. A representação da categoria solicitou a presença da diretoria da Estatal no município, a fim de discutir as reivindicações dos trabalhadores, como o corte de 30% da periculosidade/ insalubridade, o fim das empresas terceirizadas e, ainda, a demissão de funcionários. 
O presidente do Sindicato dos Mineiros, Wagner Pinto, afirma que os servidores vão continuar mobilizados, visto que algumas questões o presidente da CRM não apontou soluções, como a redução do nível de empresas contratadas. “Temos cerca de 70 a 80 % de nosso trabalho terceirizado. Enquanto não haver um comunicado de que forma a diretoria vai reduzir a terceirização, nós vamos se manter em estado de greve. No dia 26, a presidência tem uma reunião com a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE – Eletrobras) e, depois disso, podemos ter alguma definição”, explica Pinto. 
A representação dos trabalhadores avalia o encontro como positivo, pois mostra que a categoria está atenta e lutando os direitos dos mineiros. “A situação da CRM é difícil, mas queremos posições e firmeza de nossa diretoria. Que seja dita a realidade. A CGTEE está pressionando para diminuir contrato? Nós também temos que se adequar ao que está acontecendo hoje”, pondera o presidente do Sindicato. 
O presidente Edivilson acredita que a primeira questão fundamental é o diálogo. Segundo ele, a empresa está tendo uma grande dificuldade em relação ao contrato com a CGTEE, pois havia um acordo da Fase A e B, orçado em um milhão e 600 toneladas, sendo que, em janeiro, a CRM teve que diminuir esse acordo, em razão das dificuldades que a companhia enfrenta, passando apenas para 800 mil toneladas. “Com isso deu uma queda de R$ 24 milhões, gerando em torno de R$ 2 milhões a menos por mês. De certa forma é desafiador para qualquer gestor”, explica. 
Brum ainda salienta que há outros problemas, pois a companhia agora deseja fazer um novo contrato, mas de 400 mil toneladas, sendo que a CGTEE pretende apenas pagar 200 mil. “Tínhamos um contrato de um milhão e 600 no ano passado e querem que apenas entre no caixa R$ 200 mil. Isso não existe, quebra a CRM. Eles informam que queimam 400 mil toneladas. Então querem pagar a metade apenas e o restante ficar como pago em compensação de estoque, pois no passado não utilizavam tudo o que nos compravam. Estamos negociando para que tenha um meio termo. Nós dependemos da CGTEE, mas ela também depende de nós. A sociedade gaúcha depende da energia gerada por ela”, destaca. 
Uma reunião está agendada para o dia 26 deste mês, com o objetivo da CGTEE e CRM entrarem em consenso em relação ao contrato. Com esses problemas, o diretor-presidente argumenta que algumas decisões e medidas começaram a ser tomadas. “Na sede da CRM vamos diminuir a metade da folha de pagamento. Fizemos um plano de demissão incentivado e 53% da folha será reduzida com a saída de alguns empregados. Infelizmente, em Minas do Leão, vamos suspender os trabalhos de mineração, pois tivemos um prejuízo de R$ 28 milhões nos últimos dois anos. No local vamos ficar com um grupo de funcionários para fazer a recuperação ambiental. Tentamos parceiros para manter a mina, mas não encontramos, porém, ainda, está aberta essa negociação”. A direção garante que todos os cortes necessários serão feitos, a fim de não atingir na redução de empregos. “Este é o desafio do gestor. No Brasil temos 10 milhões de desempregados, tendo uma economia que está retrocedendo e isto faz com que diminua o consumo de energia elétrica”, declara o presidente. 

DEMISSÕES – Os mineiros de Candiota temem pelas demissões, mas Brum assegura que está fazendo o máximo para evitar qualquer tipo de demissão e nunca houve uma lista de supostos funcionários que poderiam ser exonerados. 

INSALUBRIDADE – A ideia da Estatal é cortar, pois o Tribunal de Contas do Estado (TCE) não aceita que seja pago para funcionários administrativos. Entretanto, foi suspendido esse corte e uma negociação está sendo feita. A empresa contratou o SESI/RS para efetuar um levantamento daqueles que se enquadram legalmente nesses adicionais. 

TERCEIRIZAÇÃO – O gestor confirma que tem a missão de diminuir os trabalhos terceirizados e que existe um contrato que pode ser considerado como o segundo maior e uma nova licitação está sendo realizada nas modalidades que a classe havia sugerido no passado. O processo licitatório está previsto para este mês e vai gerar uma redução no que a CRM paga para esse tipo de serviço. “Há uma necessidade de se fazer uma transição. Não tem como cortar imediatamente 100% da terceirização e a CRM ter suas atividades somente na mineração. Tem que ser de forma gradativamente e é esse compromisso que temos com a categoria”, ressalta Brum.