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Contra os cortes: CRM discute reivindicações de mineiros
Trabalhadores decidiram manter o estado de greve, visto que diretor-presidente não apontou soluções para o fim da terceirização
Os trabalhadores da
Companhia Riograndense
de Mineração
(CRM/Mina de Candiota)
decidiram na manhã de quarta-feira,
20, permanecer em
estado de greve, após dialogar
com o diretor-presidente
da empresa, Edivilson Meurer
Brum na unidade local.
A mobilização já completa
12 dias. A representação da
categoria solicitou a presença da diretoria da Estatal no
município, a fim de discutir
as reivindicações dos trabalhadores,
como o corte
de 30% da periculosidade/
insalubridade, o fim das empresas
terceirizadas e, ainda,
a demissão de funcionários.
O presidente do Sindicato
dos Mineiros, Wagner
Pinto, afirma que os servidores
vão continuar mobilizados,
visto que algumas
questões o presidente da
CRM não apontou soluções,
como a redução do nível
de empresas contratadas.
“Temos cerca de 70 a 80 %
de nosso trabalho terceirizado.
Enquanto não haver um
comunicado de que forma a
diretoria vai reduzir a terceirização,
nós vamos se manter
em estado de greve. No dia
26, a presidência tem uma
reunião com a Companhia de Geração Térmica de Energia
Elétrica (CGTEE – Eletrobras)
e, depois disso, podemos
ter alguma definição”,
explica Pinto.
A representação dos
trabalhadores avalia o encontro
como positivo, pois
mostra que a categoria está
atenta e lutando os direitos
dos mineiros. “A situação da
CRM é difícil, mas queremos
posições e firmeza de nossa
diretoria. Que seja dita a
realidade. A CGTEE está
pressionando para diminuir
contrato? Nós também temos
que se adequar ao que está
acontecendo hoje”, pondera
o presidente do Sindicato.
O presidente Edivilson
acredita que a primeira
questão fundamental é o
diálogo. Segundo ele, a empresa
está tendo uma grande
dificuldade em relação ao
contrato com a CGTEE, pois
havia um acordo da Fase A
e B, orçado em um milhão
e 600 toneladas, sendo que,
em janeiro, a CRM teve
que diminuir esse acordo,
em razão das dificuldades
que a companhia enfrenta,
passando apenas para 800
mil toneladas. “Com isso deu
uma queda de R$ 24 milhões,
gerando em torno de R$ 2
milhões a menos por mês. De certa forma é desafiador para
qualquer gestor”, explica.
Brum ainda salienta
que há outros problemas, pois
a companhia agora deseja fazer
um novo contrato, mas de
400 mil toneladas, sendo que
a CGTEE pretende apenas
pagar 200 mil. “Tínhamos um
contrato de um milhão e 600
no ano passado e querem que
apenas entre no caixa R$ 200
mil. Isso não existe, quebra
a CRM. Eles informam que
queimam 400 mil toneladas.
Então querem pagar a metade
apenas e o restante ficar
como pago em compensação
de estoque, pois no passado
não utilizavam tudo o que
nos compravam. Estamos negociando
para que tenha um
meio termo. Nós dependemos
da CGTEE, mas ela também
depende de nós. A sociedade
gaúcha depende da energia
gerada por ela”, destaca.
Uma reunião está
agendada para o dia 26 deste
mês, com o objetivo da
CGTEE e CRM entrarem em
consenso em relação ao contrato.
Com esses problemas,
o diretor-presidente argumenta
que algumas decisões
e medidas começaram a ser
tomadas. “Na sede da CRM
vamos diminuir a metade da
folha de pagamento. Fizemos um plano de demissão incentivado
e 53% da folha será reduzida
com a saída de alguns
empregados. Infelizmente,
em Minas do Leão, vamos
suspender os trabalhos de
mineração, pois tivemos um
prejuízo de R$ 28 milhões
nos últimos dois anos. No
local vamos ficar com um
grupo de funcionários para
fazer a recuperação ambiental.
Tentamos parceiros
para manter a mina, mas não
encontramos, porém, ainda,
está aberta essa negociação”.
A direção garante que todos
os cortes necessários serão
feitos, a fim de não atingir
na redução de empregos.
“Este é o desafio do gestor.
No Brasil temos 10 milhões
de desempregados, tendo
uma economia que está retrocedendo
e isto faz com
que diminua o consumo de
energia elétrica”, declara o
presidente.
DEMISSÕES – Os mineiros
de Candiota temem pelas
demissões, mas Brum assegura
que está fazendo o
máximo para evitar qualquer
tipo de demissão e nunca
houve uma lista de supostos
funcionários que poderiam
ser exonerados.
INSALUBRIDADE – A ideia
da Estatal é cortar, pois o
Tribunal de Contas do Estado
(TCE) não aceita que seja
pago para funcionários administrativos.
Entretanto, foi
suspendido esse corte e uma
negociação está sendo feita. A
empresa contratou o SESI/RS
para efetuar um levantamento
daqueles que se enquadram
legalmente nesses adicionais.
TERCEIRIZAÇÃO – O gestor
confirma que tem a missão de
diminuir os trabalhos terceirizados
e que existe um contrato
que pode ser considerado
como o segundo maior e uma
nova licitação está sendo realizada
nas modalidades que
a classe havia sugerido no
passado. O processo licitatório
está previsto para este mês e
vai gerar uma redução no que
a CRM paga para esse tipo de
serviço. “Há uma necessidade
de se fazer uma transição. Não
tem como cortar imediatamente
100% da terceirização
e a CRM ter suas atividades
somente na mineração. Tem
que ser de forma gradativamente
e é esse compromisso
que temos com a categoria”,
ressalta Brum.