sábado, 9 de abril de 2016

Jornal Tribuna do Pampa (Candiota) - 09 a 11 de abril de 2016




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Candiota: Mineiros decidem em assembleia entrar em estado de greve
Serviços poderão ser paralisados a partir de quarta-feira, 13, caso a diretoria da CRM não se manifeste presencialmente sobre as reivindicações dos trabalhadores

Os trabalhadores da Companhia Riograndense de Mineração (CRM/Mina de Candiota) decidiram entrar em estado de greve (forma de alerta) nesta sexta-feira, 8, após uma assembleia realizada pelo Sindicato dos Mineiros com a categoria na portaria da empresa. Um dos motivos do movimento é em razão ao corte de periculosidade/insalubridade que, segundo o Sindicato, os trabalhadores foram “pegos” de surpresa, através de um comunicado feito na tarde de terça-feira, 5. O corte representa 30% do salário dos mineiros, os quais já recebem a cerca de 26 anos. 
A advogada do Sindicato, Elis Regina Ferreira, explicou durante a assembleia, que a verba paga a título de periculosidade faz parte do salário do trabalhador e estava incluído no último concurso público realizado em 2012, a fim de incentivar a classe. “Só usam esse determinado nome e pagam para todos, sem nenhum embasamento legal”, destacou. 
O presidente do Sindicato, Wagner Pinto, afirmou que na quinta-feira, 6, a diretoria da empresa entrou em contato e informou que havia sido cancelada a atitude do corte da verba e, que, a Estatal irá analisar o caso e fazer um estudo para emitir um laudo, quando será definido quanto da categoria continuará recebendo o benefício. “É uma remuneração que faz parte do planejamento familiar de todos os trabalhadores. O valor gasto de periculosidade é de R$ 270 mil, enquanto com as empreiteiras é de R$ 7 milhões. Em 2015, o gasto com a terceirização chegou a R$ 50 milhões. A arrecadação da CRM corresponde a 80% somente para as empresas contratadas”, enfatizou o presidente. 
O Sindicato dos Mineiros reivindica, também, o trabalho terceirizado que prejudica o serviço dos trabalhos e benefícios. “Precisamos ter terceirização zero para salvar a CRM. É um desrespeito com a categoria. A CRM tem que dar condições de trabalho e enquanto não sair a última terceirizada vamos continuar lutando para que nenhum trabalhador seja demitido. Nada contra os funcionários, mas a empresa que mais gasta aqui é a Fagundes”, ponderou Wagner. 
Em 2015, a representação da categoria fez uma denúncia ao Ministério Público em razão do trabalho terceirizado, quando foram encaminhadas cópias de notas de máquinas que trabalhavam 27h/dia. O MP retornou ao Sindicato informando que o órgão não tinha efetivo suficiente para fazer uma fiscalização. 
Para o diretor-financeiro do Sindicato, Hemerlindo Ferreira, a possibilidade privatização da CRM é grande, visto que o trabalho terceirizado é valorizado. Além disso, Ferreira relatou que a empresa não pagou alguns funcionários que tiveram o gozo de suas férias em janeiro deste ano. “Queremos trabalhar com os nossos direitos. A medida adotada atingiu 100% da categoria, envolvendo cerca de 350 trabalhadores”, argumentou. 
A classe apontou quatro questões para reivindicar e anunciar estado de greve, as quais se referem a manutenção da periculosidade, contra a demissão de trabalhadores, o fim das empreiteiras e ainda a solicitação de diálogo com a diretoria da empresa. 

PRÓXIMO PASSO– O Sindicato agendou para a próxima quarta-feira, 13, uma assembleia, às 8h, na portaria da empresa, quando será tratado sobre o acordo coletivo. Já às 10h, será aguardada a presença da diretoria da Companhia e, caso isso não ocorra, a categoria vai paralisar os serviços, como a extração do carvão. CRM – Em nota, a Estatal informou ao TP que tem conhecimento da realização da assembleia, porém ainda não havia sido notificada oficialmente de alguma decisão dos trabalhadores.