Candiota: Mineiros decidem em assembleia entrar em estado de greve
Serviços poderão ser paralisados a partir de quarta-feira, 13, caso a diretoria
da CRM não se manifeste presencialmente sobre as reivindicações dos trabalhadores
Os trabalhadores da
Companhia Riograndense
de Mineração
(CRM/Mina de
Candiota) decidiram entrar
em estado de greve (forma
de alerta) nesta sexta-feira,
8, após uma assembleia realizada
pelo Sindicato dos
Mineiros com a categoria
na portaria da empresa.
Um dos motivos do movimento
é em razão ao corte
de periculosidade/insalubridade
que, segundo o
Sindicato, os trabalhadores
foram “pegos” de surpresa,
através de um comunicado
feito na tarde de terça-feira,
5. O corte representa 30%
do salário dos mineiros, os
quais já recebem a cerca de
26 anos.
A advogada do Sindicato,
Elis Regina Ferreira,
explicou durante a
assembleia, que a verba
paga a título de periculosidade
faz parte do salário
do trabalhador e estava incluído
no último concurso
público realizado em 2012,
a fim de incentivar a classe.
“Só usam esse determinado
nome e pagam para todos,
sem nenhum embasamento legal”, destacou.
O presidente do Sindicato,
Wagner Pinto, afirmou
que na quinta-feira, 6,
a diretoria da empresa entrou
em contato e informou
que havia sido cancelada a
atitude do corte da verba e,
que, a Estatal irá analisar o
caso e fazer um estudo para
emitir um laudo, quando
será definido quanto da
categoria continuará recebendo
o benefício. “É uma
remuneração que faz parte
do planejamento familiar
de todos os trabalhadores.
O valor gasto de periculosidade
é de R$ 270 mil,
enquanto com as empreiteiras
é de R$ 7 milhões.
Em 2015, o gasto com a
terceirização chegou a R$
50 milhões. A arrecadação
da CRM corresponde a 80%
somente para as empresas
contratadas”, enfatizou o
presidente.
O Sindicato dos Mineiros
reivindica, também,
o trabalho terceirizado que
prejudica o serviço dos trabalhos
e benefícios. “Precisamos
ter terceirização
zero para salvar a CRM.
É um desrespeito com a
categoria. A CRM tem que
dar condições de trabalho
e enquanto não sair a última
terceirizada vamos
continuar lutando para que
nenhum trabalhador seja
demitido. Nada contra os
funcionários, mas a empresa
que mais gasta aqui
é a Fagundes”, ponderou
Wagner.
Em 2015, a representação
da categoria fez
uma denúncia ao Ministério
Público em razão
do trabalho terceirizado,
quando foram encaminhadas
cópias de notas de
máquinas que trabalhavam
27h/dia. O MP retornou ao
Sindicato informando que
o órgão não tinha efetivo
suficiente para fazer uma
fiscalização.
Para o diretor-financeiro
do Sindicato, Hemerlindo
Ferreira, a possibilidade
privatização da CRM é
grande, visto que o trabalho
terceirizado é valorizado.
Além disso, Ferreira relatou
que a empresa não
pagou alguns funcionários
que tiveram o gozo de suas
férias em janeiro deste ano.
“Queremos trabalhar com
os nossos direitos. A medida
adotada atingiu 100%
da categoria, envolvendo
cerca de 350 trabalhadores”,
argumentou.
A classe apontou
quatro questões para reivindicar
e anunciar estado de
greve, as quais se referem
a manutenção da periculosidade,
contra a demissão
de trabalhadores, o fim das
empreiteiras e ainda a solicitação
de diálogo com a
diretoria da empresa.
PRÓXIMO PASSO– O
Sindicato agendou para a
próxima quarta-feira, 13,
uma assembleia, às 8h, na
portaria da empresa, quando
será tratado sobre o acordo
coletivo. Já às 10h, será
aguardada a presença da diretoria
da Companhia e, caso
isso não ocorra, a categoria
vai paralisar os serviços,
como a extração do carvão.
CRM – Em nota, a Estatal
informou ao TP que tem
conhecimento da realização
da assembleia, porém ainda
não havia sido notificada
oficialmente de alguma
decisão dos trabalhadores.